A importância das tranças na reconstrução identitária
As tranças têm sido usadas por nós, negros, há milênios!
E voltaram a fazer muito sucesso com o resgate da cultura africana que vem sendo feito por negros brasileiros, principalmente nos últimos 15 anos com o advento da internet e das cotas raciais nas universidades.
A tradição das tranças veio da África, porém lá elas eram muito mais do que adornos capilares.
No período de escravização das sociedades africanas, o cabelo exerceu a importante função de condutor de mensagem, pois as tranças eram parte integrante de um complexo sistema de linguagem e manipular a mesma era uma forma de resistência e de manter as raízes africanas vivas.
No Brasil e em alguns países em diáspora, as tranças foram usadas de maneira muito inteligente no período da escravidão, como uma forma de comunicação entre as comunidades negras. As mulheres negras tinham o costume de trançar seus cabelos e faziam mapas nas cabeças umas das outras, desenhados com as próprias tranças, para que pudessem encontrar o caminho adequado nas fugas para os quilombos.
Já nos aos 70, o hip hop surgiu nos Estados Unidos como um Movimento Cultural Black e abraçou as tranças como mais um elemento de protesto e de comunicação. Mas, além das tranças, os dreads e os black power também se destacaram, deixando os afrodescendentes em evidência. O que não falta é história por trás dessa identidade estética africana: atualmente as tranças têm um lugar de respeito na sociedade, com vários estilos e técnicas.
Hoje, essa história sólida e muito consistente nos permite reconstruir uma identidade de autoestima que muitas vezes foi apagada. Vivemos um momento em que a representação africana volta com muita força, mostrando que, sim, podemos usar as tranças em todos os âmbitos da sociedade e, acima de tudo, essa representação africana vai muito além da estética.
Através das tranças nos reconstruímos, nos reconectamos e nos apresentamos com nossa beleza real. As tranças são a simbologia de resistência, luta, força e beleza.