

Maria Beatriz Nascimento — quem foi esse ícone da decolonização na academia?
Dia 28 de janeiro de 2020: 25 anos da morte de Maria Beatriz Nascimento.
Melhor conhecida como Beatriz Nascimento, a historiadora e poeta nasceu no dia 12 de Julho de 1942 e foi extremamente importante pelo seu ativismo, pelos direitos humanos de mulheres e da população negra.
Beatriz foi premiada como Mulher do Ano em 1968 pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
Nascida em Sergipe, Beatriz passou a maior parte da sua vida no Rio de Janeiro. Graduanda da UFRJ, após os seus estudos a historiadora se afiliou a UFF e decidiu fazer um mestrado em Comunicação Social na sua alma mater (UFRJ).

O trabalho de Beatriz foi incessante durante os seus anos ativa, mas a sua obra mais prestigiada foi (e continua sendo) o seu documentário Ôri de 1989. O filme foi dirigido por Raquel Gerber (socióloga e cineasta).
Infelizmente, a sua jornada foi interrompida abruptamente em janeiro de 1995. quando foi assassinada pelo marido de uma amiga. O homicídio foi motivado pelo não-conformismo de Beatriz quando ela soube que a sua amiga estava sofrendo abuso domiciliar.
Seu ativismo foi plural. Além de ser membra do MNU (Movimento Negro Unido), Beatriz se envolveu e foi pioneira em diversas organizações estudantis focadas no ativismo negro.
Durante a sua graduação em história, ela co-fundou o Grupo de Trabalhos André Rebouças na UFF (Universidade Federal Fluminense). Como muitos de nós já temos ciência, o GTAR foi importantíssimo para a academia, pois ele possibilitou que jovens negros vissem o grupo como referência e inspiração. Claudia Martins, prima mais nova de Beatriz e ex-presidente do grupo de trabalhos, disse que Beatriz foi a primeira professora negra com tranças. A estética é importantíssima para o desenvolvimento da identidade humana; o poder de poder se ver.
Beatriz se torna ainda mais atual nos momentos em que estamos vivendo na contemporaneidade; atual de uma maneira transnacional. O discurso decolonial existe há muito tempo, o legado é grande. Fazendo 44 anos esse ano, o GTAR ocupa um espaço dentro da academia que nós temos lutado para conseguir.
Bibliografia:
1. Smith, C.A. (2016). Towards a Black Feminist Model of Black Atlantic Liberation: Remembering Beatriz Nascimento. Meridians: feminism, race, transnationalism 14(2), 71–87. https://www.muse.jhu.edu/article/650689
2. Gerber, R., Nascimento, M.B. (1989). Ôri.